segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Tudo ou nada

Um estado perene de suspensão de tudo.
É o amor que, provocado, manifesta-se em nada.
Um nada que revela do amor o grande objetivo:
Fazer do nada tudo outra vez.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nem sei de quê

Uma ausência,
uma falta,
uma lacuna,
um vazio,
um buraco,
uma saudade...
Saudade nem sei de quê!

Foi-se o tempo em que me bastava a solidão!
Que fase! ou estação?
ou já seria nova era?
Era em que saudade se confunde com vontade...
mas vontade...
nem sei de quê.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ovnis e outros ovs

Objetos não identificados voam
no céu das minhas emoções.
Até quando voarão assim
anônimos informes?
Cara-crachá, eu pergunto.
Mas eles não respondem nada.

Voam e arranham esse céu.
Não como fixos arranha-céus,
mas como setas móveis e intangíveis.
Como boomerangs, pombos sem asa.
Arranhões que me fariam agonizar
se os ovnis fossem os únicos a voar nesse céu.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

o grito

Apenas uma seta na aljava,
somente uma pedra no bornal,
só uma bala no revolver.
não! grita minha alma frustrada,
fatigada, enojada de melindres.
engessada pelo dever de acertar!
Que sujeito inflexível!
Quer imolar-se! é duro como José!
Quem sabe vergastando o corpo, ou alma, não amoleço?
Há que amolecer!
Hei de amolecer!
que luta terrível!
é realmente martírio, caça, luta, batalha, guerra.
Tenho um adversário bem treinado,
pronto para se levantar da maneira mais sutil,
mais subreptícia, imperceptível, ladina,
sorrateira, entrincheirada!
Meu inimigo eu já conheço.
Ele sabe disso, por isso se esconde.
é guerra! Napalm! bombas de neutrons!
Morram, dureza e esquema dos meus dias!
Morre, diabo!
Que me reste a paz e a livre experimentação!
Mais vinho, por favor!
Mais!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

estudos domésticos

De circense a circunspecto mercê das circunstâncias.
Da fachada a porta parece fechada.
De dentro, detenho-me.
O próprio olhar alheio, fixo alhures,
Como se não houvesse parede.

De fora, detêm-se.
Olhares alheios fixos e cuidadosos
verão que paredes não há.
A porta entreaberta convida ao espetáculo,
Mas, e apenas, o público respeitável.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Novamente refém

Que sina!
ser refém do coração!
Logo eu?
E por que não?

Quem te viu quem te vê
perdeu a razão
foi tragado pela ciranda da inconstância,
da emoção.

Grita, chora, sofre,
Ri, pula, corre.
Mas nada resolve.
nada resolve!

Sou refém!
E por que não?

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Desabrocha, flor!

Desabrocha, linda flor!
Esperança tenho em ti!
Trato-te com carinho!
Que faço pra desabrochares?
Desabrocha, flor!
 e trago-te um passarinho!

terça-feira, 10 de julho de 2012

De vez em quando recém nascido

Comparsas, o coração de ânsias
que transborda de vontades,
o peito que arfa e a boca que saliva salgada,
dão voz de assalto aos olhos
que se rendem ao pranto
que é delator
de que tudo
não é o bastante.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mais cinco minutinhos


Voar, cair de um prédio, reencontrar um velho amigo.
A ofensa machuca. Tapa na cara do marido.
Tapa real por crime apenas em sonho cometido.
O pertimido, dispensável e o proibido, permitido.
Vestígios nos lençois denunciam o ocorrido.
Demi Moore e Sharon Stone num encontro pervertido.
Tudo isso após ouvir do relógio o alarido
e por mais cinco minutos de soneca consentidos
não saber mais distinguir se foi sonho ou foi vivido.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Descendo da pilha

Penso tanto que dói,
tanto que dá preguiça,
tanto que até prefiro
tanto nem explicar,
tanto que é mesmo difícil de entender.

Sentado sobre uma pilha de ideias
quero reinar lá de cima
mas meu reino não tem seres
Preciso de seres! Preciso de seres!
Preciso descer!


Desço e tento não explicar nada
tento não entender nada
tento só sentir os seres
sentir os sabores, sentir os saberes
Sem os seres eu sou só.

Não quero voltar lá pra pilha
Quero viver aqui embaixo
Aqui tenho uma família
Aqui sim eu me encaixo
Melhor ser um ser aqui,
que ser rei e não ser nada...