quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Temores de Alexandre

Alexandre
Teme ser rei
Ser grande
Ser glande.

Teme ter tudo o que quer
Teme conquistar
A tudo e a todos
Teme seduzir
Tiranizar e oprimir.
Teme fazer de sua Macedônia o mundo
E do mundo sua Macedônia.

Teme desrespeitar Felipe
O Pai
O Filho e o Espírito Santo.

Teme se apropriar de Helena
A mãe
De sua terra e de seu saber.

Teme e teima.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um sentimento de pertencimento

Nove meses ali dentro, bem nutrido, aquecido, o centro de tudo, desejado, amado.
Não queria sair.
Eu era seu, mãe.
E era do meu pai.
Mas era mais seu, mãe.
Passei a ser um pouquinho mais do meu pai quando, já do lado de fora, ele me viu.
Mas continuei sendo seu, mãe.
E era também das minhas avós.
Das minhas tias (e tias) e tios e primos e primas.
Dos seus amigos, mãe.
Dos seus amigos, pai.
Depois passei a ser também dos meus.
Depois fui do meu irmão.
Passei a ser das minhas brincadeiras.
Também dos meus desejos.
Dos meus sonhos.
Passei a ser dos meus pensamentos.
Passei a ser dos meus ideais.
Passei a ser dos saberes.
Passei a ser dos meus saberes.
Passei a ser dos meus sentidos.
Passei a ser dos meus gostos.
Das minhas preferências.
Passei a ser das músicas. Não das minhas. Mas delas.
Passei a ser da vida.
Passei a ser do mundo. Do amor.
Passei a ser de uma mulher.
Passei a ser de Deus.
Passei por muita coisa.
Voltei a ser meu.
Talvez tenha voltado a ser só meu.
Que saudade...
ali eu era seu, mãe.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Comme un arbre - Maxime LeForestier

Estou na expectativa de finalmente começar a aprender francês. Se conseguir uma bolsa, começo em outubro.

Finalmente vou poder entender as músicas do Maxime LeForestier... rs
Espantem-se com essa:



Comme un arbre dans la ville
Je suis né dans le béton
Coincé entre deux maisons
Sans abri sans domicile
Comme un arbre dans la ville

Comme un arbre dans la ville
J'ai grandi loin des futaies
Où mes frères des forêts
Ont fondé une famille
Comme un arbre dans la ville

Entre béton et bitume
Pour pousser je me débats
Mais mes branches volent bas
Si près des autos qui fument
Entre béton et bitume

Comme un arbre dans la ville
J'ai la fumée des usines
Pour prison, et mes racines
On les recouvre de grilles
Comme un arbre dans la ville

Comme un arbre dans la ville
J'ai des chansons sur mes feuilles
Qui s'envoleront sous l'œil
De vos fenêtres serviles
Comme un arbre dans la ville

Entre béton et bitume
On m'arrachera des rues
Pour bâtir où j'ai vécu
Des parkings d'honneur posthume
Entre béton et bitume

Comme un arbre dans la ville
Ami, fais après ma mort
Barricades de mon corps
Et du feu de mes brindilles
Comme un arbre dans la ville

Abraços